31 de julho de 2009

Corto Maltese




― Ouve, amigo, não tenho nada contra corvos, mas vê se entendes, não posso andar por aí o dia todo contigo... O que dirão os outros?...
― Então, então, Corto, és mesmo tu quem fala assim? Croack... croack... Que importa o que dizem os outros? Croack... croack...

Corto Maltese, Sonho de Uma Manhã de Meados de Inverno, As Célticas, Hugo Pratt 


. . .


[...] segundo a lenda, Merlim foi encerrado por Viviana nas profundezas da floresta da Brocelândia: de vez em quando, Viviana permite-lhe sair para acudir os filhos dos celtas oprimidos e em perigo. Sim, algures, na misteriosa ilha de Avalon, o rei Artur jaz adormecido, velado pela sua irmã, a fada Morgana: um dia despertará para reunir o que resta dos celtas em todo o mundo, a fim de reconstruir o grande reino com que sonhara, reino de justiça, de fraternidade, de liberdade, reino que não existe mas que há-de vir. E Corto Maltese não é outro senão o profeta anunciador de Merlim e de Artur. 

Do Prefácio de Jean Markale a Corto Maltese, As Céltica, de Hugo Pratt

11 comentários:

Iacobus disse...

Sugiro que cliquem no desenho, para que o vejam com a qualidade que merece.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Olá Tiago

Já tinha apreciado o desenho e gostei do seu texto: um imginário lindo que, suponho, caiu no esquecimento. Fez bem recordá-lo... :)

Iacobus disse...

Viva, Francisco

É de facto um imaginário magnífico, ao qual primeiramente me rendi, devo confessar, através dos filmes, que valem muito a pena, e só depois da BD (nunca fui grande fã de BD). O Corto foi uma criação singular :)

Como o Corto é mais um caso de interesse, integrando temas reais, e não de entertenimento puro, talvez não tenha caído propriamente no esquecimento. Talvez esteja é confinado a um público mais restrito (como acontece com tudo o que é bom) e passe essa impressão :)

J. Maldonado disse...

Corto Maltese fez as delícias da minha adolescência.
Gostei das citações.

Iacobus disse...

Oi, Maldonado, por acaso conheci-o mais tarde, mas é ainda tal como o descreves :)

Luísa Santos disse...

"― Ouve, amigo, não tenho nada contra corvos, mas vê se entendes, não posso andar por aí o dia todo contigo... O que dirão os outros?..."
fabuloso... se os animais falassem seriam tão mais pertinentes q os humanos. ou se falássemos sem filtros, seríamos tão mais interessantes.
a ilustração é linda, Corto Maltese é lindo... não decobri há mt tempo mas fiquei rendida.

Iacobus disse...

Olá, Luísa!

Adoro o Corto. É absolutamente cativante. Tem uma postura admirável. Aconselho, se ainda não conheceres, as célticas - o meu preferido até à data. Por altura da feira do livro de Lx é possível encontrá-los na banca da Sodilivros (?), a um preço mto acessível ;)

Talvez tenha sido por isso que o homem criou a fábula, para lhe ser mais fácil livra-se dos filtros...

Randomsailor disse...

Volto sempre às Célticas e volto sempre a esse diálogo entre o Corto e o corvo. o Hugo Pratt também põe na boca de Morgana uma frase linda: "O nosso mundo não morrerá... enquanto houver na bretanha alguém capaz de sonhar... nós existiremos"

O onirismo que atravessa as histórias do Corto é maravilhoso...

Iacobus disse...

Olá, Marujo.
Essa tb é uma boa frase, concordo.
Tb tenho uma tendência como se naturalmente pendesse para as Célticas. Gosto do seu clima.
Esse onirismo, assim o vejo nas Célticas, é o Sonho não captativo mas de vontade de libertação do mundo dos «presos».

Diogo Filipe Filipe disse...

Conheci Corto há muito pouco tempo... mas há ali tanto conteúdo, e tanto...não sei descrever...que ainda bem que não o conheci antes. Foi na idade certa. E agora fiquei com vontade de reler. Obrigado pelo post!

Iacobus disse...

É precisamente isso que Corto tem de bom - dá vontade de reler, ir relendo. Obrigado pela passagem aqui :)