― Ouve, amigo, não tenho nada contra corvos, mas vê se entendes, não posso andar por aí o dia todo contigo... O que dirão os outros?...
― Então, então, Corto, és mesmo tu quem fala assim? Croack... croack... Que importa o que dizem os outros? Croack... croack...
Corto Maltese, Sonho de Uma Manhã de Meados de Inverno, As Célticas, Hugo Pratt
. . .
[...] segundo a lenda, Merlim foi encerrado por Viviana nas profundezas da floresta da Brocelândia: de vez em quando, Viviana permite-lhe sair para acudir os filhos dos celtas oprimidos e em perigo. Sim, algures, na misteriosa ilha de Avalon, o rei Artur jaz adormecido, velado pela sua irmã, a fada Morgana: um dia despertará para reunir o que resta dos celtas em todo o mundo, a fim de reconstruir o grande reino com que sonhara, reino de justiça, de fraternidade, de liberdade, reino que não existe mas que há-de vir. E Corto Maltese não é outro senão o profeta anunciador de Merlim e de Artur.
Do Prefácio de Jean Markale a Corto Maltese, As Céltica, de Hugo Pratt
11 comentários:
Sugiro que cliquem no desenho, para que o vejam com a qualidade que merece.
Olá Tiago
Já tinha apreciado o desenho e gostei do seu texto: um imginário lindo que, suponho, caiu no esquecimento. Fez bem recordá-lo... :)
Viva, Francisco
É de facto um imaginário magnífico, ao qual primeiramente me rendi, devo confessar, através dos filmes, que valem muito a pena, e só depois da BD (nunca fui grande fã de BD). O Corto foi uma criação singular :)
Como o Corto é mais um caso de interesse, integrando temas reais, e não de entertenimento puro, talvez não tenha caído propriamente no esquecimento. Talvez esteja é confinado a um público mais restrito (como acontece com tudo o que é bom) e passe essa impressão :)
Corto Maltese fez as delícias da minha adolescência.
Gostei das citações.
Oi, Maldonado, por acaso conheci-o mais tarde, mas é ainda tal como o descreves :)
"― Ouve, amigo, não tenho nada contra corvos, mas vê se entendes, não posso andar por aí o dia todo contigo... O que dirão os outros?..."
fabuloso... se os animais falassem seriam tão mais pertinentes q os humanos. ou se falássemos sem filtros, seríamos tão mais interessantes.
a ilustração é linda, Corto Maltese é lindo... não decobri há mt tempo mas fiquei rendida.
Olá, Luísa!
Adoro o Corto. É absolutamente cativante. Tem uma postura admirável. Aconselho, se ainda não conheceres, as célticas - o meu preferido até à data. Por altura da feira do livro de Lx é possível encontrá-los na banca da Sodilivros (?), a um preço mto acessível ;)
Talvez tenha sido por isso que o homem criou a fábula, para lhe ser mais fácil livra-se dos filtros...
Volto sempre às Célticas e volto sempre a esse diálogo entre o Corto e o corvo. o Hugo Pratt também põe na boca de Morgana uma frase linda: "O nosso mundo não morrerá... enquanto houver na bretanha alguém capaz de sonhar... nós existiremos"
O onirismo que atravessa as histórias do Corto é maravilhoso...
Olá, Marujo.
Essa tb é uma boa frase, concordo.
Tb tenho uma tendência como se naturalmente pendesse para as Célticas. Gosto do seu clima.
Esse onirismo, assim o vejo nas Célticas, é o Sonho não captativo mas de vontade de libertação do mundo dos «presos».
Conheci Corto há muito pouco tempo... mas há ali tanto conteúdo, e tanto...não sei descrever...que ainda bem que não o conheci antes. Foi na idade certa. E agora fiquei com vontade de reler. Obrigado pelo post!
É precisamente isso que Corto tem de bom - dá vontade de reler, ir relendo. Obrigado pela passagem aqui :)
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