21 de junho de 2009

o
dia zangado ou 
porquê→?!
Tu, que te esgotas em banalidade, Tu que te regozijas com as boas estradas do teu país, Tu, que te esbanjas em sonhos estanques, Tu que não andas, Tu, febril das questiúnculas do Febril dos Mandamentos, velhaco arruaceiro do desastre da Arte, embrutecimento do verbo, verborreico vazio, gérmen estéril da Desgraçada Família, Tu o de vida depauperada, dessexuado das preces, realizado na cegueira, Tu, a das pernas fechadas para honrares o Pai e te desprezares a Ti, Tu o homofóbico, Tu, ó misógino, Tu que fazes mofa não vendo que te és escárnio em Si, Tu, que até haverias de gostar de levar no cu mas que teme-lo ainda perante a Moral talvez porque julgues que só expelir coisas dali é que é! Tu! por que insistes em desistir de Ti se até tens com que valer, por que foges para o sonho se a Realidade é o Sonho, Tu camaleão do potencial variegado, por que te surges só monocromo, por que te resumes a embarcação unirreme de movimento circular sobre o eixo paralítico de um círculo autotelicamente irrisório e tonto em águas estagnadas e paisagem em 360º de tontaria redonda e obtusa, por que te desfazes nisso e só andas pelo país a apreciar as sáfias rectas alcatroadas?, Tu que temes as curvas não-das-estradas, que sentes vertigens não-dos-sítios-altos, mas que és efectivamente mais alto que os sítios altos, mais sinuoso que todas as curvas de todas as estradas, que tens em Ti a profundidade do pélago, a voracidade do lobo, a sageza do ofídio, diz-me Tu então!, por que te desprezas em cordeiro cagado pelo carreiro fora?! E diz-me Tu, por que os deixas cagarem-se assim em inúteis caganitas pelo carreiro dos demais — diz-me porquê, diz-me Tu,
porquê→?!
anno 2007

10 de junho de 2009

Da Rejeição da Cegueira ou: Dali até Aqui

(old stuff)

Mora na infantilidade
Do seu ser grande.
Ser é-lhe uma futilidade,
Que da sua prisão nada se expande.

Não reconhece a vida.
Conhece-lhe só a confusão.
Sabe que a odeia (e lhe é querida),
E lhe vive o indizível, emotivo turbilhão.

«Raios! Livre é o ser invisível
Da inexistência ― nenhum!
Só esse é crível...
Porra pra esta merda, quero ser um!»

Mas um dia, ao crescer,
Veio a dizer em razão:

«Hei-de quando for grande
Ser luz do Sol
E iluminar o que escureci.»