13 de dezembro de 2008

Fogo


Estávamos à lareira e o calor difundia-se pelos corpos e os corpos dinfundiam o calor.

1 de dezembro de 2008

Sou de facto o Diabo.


«Eu sou de facto o Diabo. Não se assuste, porém, porque eu sou realmente o Diabo, e por isso não faço mal. Certos imitadores meus, na terra e acima da terra, são perigosos, como todos os plagiários, porque não conhecem o segredo da minha maneira de ser. Shakespear, que inspirei muitas vezes, fez-me justiça: disse que eu era um cavalheiro. Por isso esteja descansada: em minha companhia está bem. Sou incapaz de uma palavra, de um gesto, que ofenda uma senhora. Quando assim não fosse da minha própria natureza, obrigava-me o Shakespear a sê-lo. Mas, realmente, não era preciso.»

F. Pessoa, A Hora do Diabo

22 de novembro de 2008

«Always stray from the path, Sweetheart»

«But of course, my fluffy thing.»

Há Momentos


Há momentos em que se é com a vida um. Unidade. Não existe o pensá-la. Nem o sê-la. Ela é que me é. Somo-nos tudo misturado, indivizivelmente. Tudo é normal. Nada estranho. Há momentos.

Auto-Revisitação


De vez em quando ainda olho o céu estrelado, não tanto quanto dantes, e ainda acho, com aquele discernimento forasteiro que outrora me invadia tão permente, que nada tem a ver com aqui em baixo.

16 de novembro de 2008

Sou de facto o Diabo


«É a lei da vida, minha senhora. O corpo vive porque se desintegra, sem se desintegrar demais. Se não se desintegrasse segundo a segundo, seria um mineral. A alma vive porque é perpetuamente tentada, ainda que resista. Tudo vive porque se opõe a qualquer coisa. Eu sou aquilo a que tudo se opõe. Mas, se eu não existisse, nada existiria, poque não haveria a que opor-se [...].»

F. Pessoa, A Hora do Diabo, Assírio & Alvim

15 de novembro de 2008

Bófia

A polícia montada só serve para cagar os trajectos dos transeuntes. Resta saber se as poias saem do cu dos cavalos ou do cu dos bófias.

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Ele abriu a porta e disse-lhe com a maior das deliberações, braços abertos e sorriso rasgado, Não gosto muito de ti!, a alegria no rosto. A intenção é que conta.

11 de novembro de 2008

má língua:

aquela que se porta bem
na minha boca

Bénédicte Houarte, vida: variações, Livro I

1 de novembro de 2008

Sou de facto o Diabo


Corrompo mas ilumino.

F. Pessoa, A Hora do Diabo, Assírio & Alvim