31 de março de 2009

23 de março de 2009

Poema

Marulho é o barulho do mar.
Barulho é o barulho do bar.

22 de março de 2009

Só poderia acreditar num deus que soubesse dançar.

Frederich Nietzsche, Assim Falava Zaratustra

21 de março de 2009

Dionysify This Night of Spring!

(taken from here)
(title quote taken from Solefald's In Hamonia Universali album)

20 de março de 2009

― Let me walk with you, sweetheart. I don't want no good to harm you.

Thank you, wolfy. We can't trust anything any more, can we?

I'm not sure, darling. But I hope so. Really do.

9 de março de 2009

Sou de facto o Diabo:


«O homem não difere do animal senão em saber que o não é. É a primeira luz, que não é mais que treva visível.»

F. Pessoa, A Hora do Diabo, Assírio & Alvim

Olho-te,

entrego-te aos sentidos, e vejo o amor a querer dar-se, querida entre teus ombros doces que sonho sentir-te com as mãos. Estás nos meus olhos, mesmo se te não olho. Ainda te não toquei com toque explícito, mas a minha ideia sabe já sentir-te como se. A minha ideia quer fazer-te próxima. Pensa em ti. O meu entender reconheceu-te. Quer trazer-te agora daí até aqui.

8 de março de 2009

Água das Pedras

Viu-se perante aquele ser e experimentou o azedo da ambivalência: linda, atraía-o; parva, repelia-o. O objecto do seu desejo multiplicara-lhe o desejo à dicotomia de um sim e de um não, qual haste una dividida em duas, e, como tal, deixou de o ser. Foi então que o seu não, acrescido em azia, o agarrou pela mão e o levou a tomar uma água das pedras. A beleza é efémera. Não pode perdurar como a personalidade.

2 de março de 2009

desenho 3

tiago r

Olho um objecto estranho.

Mas a estranheza do objecto sou eu.

(old stuff 4)

Vim desde ontem durante toda a vida até hoje. Parto só amanhã.

1 de março de 2009

Vi numa nuvem um sátiro correndo. Quero ser como tu...


A Serra...


Sob céu hiemal e pagão, debaixo de chuva e gentio trovão, fiz revisitar-me animal.

Ó Serra de quando te abraçava os troncos ásperos, de quando dormia nos teus numerosos seios, de quando eras tu a tal — «para sempre» —, mais ninguém. Ah, como eu mudei e tu continuas na mesma e eu te amo na mesma por isso mesmo, mesmo não sendo tu já a tal. Ah, como tudo muda e tu continuas na mesma e eu te amo ainda quando te revisito, hoje. Mudei mas sou eu, Serra, na mesma. Mudar é acrescentar. Obrigado por guardares o que em tempos fui. Faz com que o seja ainda. Não serás nunca elemento passado, mas sempre sim presente, como eu. Estás em mim, és-me a animalidade, sua compreensiva aceitação. Mostraste-me e ensinaste-me pureza. Eu copiava-te. Era feroz como tu, como a chuva com que tanto me molhaste e rias, como o trovão com que amiúde me inflamaste e dançavas, como o vento volante. Eu era contente e não tinha medo, envolto em todo o teu desafio natural. Cantava contigo. Lobo gentio dos teus montes, percorria-te. Lambia-te a lua, tangia-te. Adormentado nos teus mantos, sonhava-te. Lembro-me, sim... do teu luar que me cobria quente. Como se fosse o sol. Foste tão querida... Não deixaste que ignorasse o que todos hoje ignoram e temem — o princípio do ser, que em ti principia.

Mas se até tu mudas, Serra, todos os anos... E mudas precisamente para tornares a ti, renovada, que é seres outra que não a de antes, ainda que assente, basilarmente, em ti mesma.