16 de setembro de 2014

Christianshavns Kanal


A gentil chuva caía no canal como se no breu da estrada, asfalto feito água, entre as sombras da luz parca que os candeeiros derramavam, passas e tragos. As ruas estavam desertas e não levavam a lado nenhum. Where there's no one, you can never feel lost. Tudo plenamente inserto no momento. Nada era para além dele. Como se o momento incluísse todos os outros como os barcos alinhados nas margens do estreito canal. O enlevo praticava o equilíbrio na noite alta e líquida, densa, suave, que escorregava do céu para a cidade confortando-a de silêncio escuro. Não só a cidade mas o mundo, a existência toda. Chovia noite sobre tudo. It seems this is a balanced town... A cascata do Universo caía ternamente e tudo ternamente caía. O som aveludado das bátegas sobre a superfície indistinta do aquoso asfalto do canal fazia inexplicavelmente sentido. Depois, os rios das ruas voaram-me carinhosamente dali.