Tu que me vês daí, aqui sentado sobre a esbatida, húmida e dura areia, molhado, torrefeito pelo teu Sol. Contemplo-te sem perguntas porque não as há, não as pode haver: no-las deste sem a hipótese de no-las responder. Há perguntas. Mas uma pergunta só é válida quando a resposta não é de natureza írrita, impossível.
Existes na minha cabeça porque te penso. Eu existo como se me tivesses pensado. Porém parece-me que não te sei como tu a mim. Contudo ainda, imagino que me dizes: «Tens-me frente aos olhos e insistes em não me ver.»
Entendo-te sem te compreender (se bem que às vezes te compreenda mas te não entenda). Mas eu percebo que não me possas falar. Eu percebo que não hajas o que dizer. Também eu não falo contigo mas Comigo sobre ti.
Tu — és um mágico que me encanta, e não és senão o Encanto que desse mágico emana.